O Ministério da Educação prepara um novo
currículo do ensino médio em que as atuais 13 disciplinas sejam distribuídas em
apenas quatro áreas (ciências humanas, ciências da natureza, linguagem e
matemática).
"Mudança
é boa, mas difícil de aplicar", dizem educadores.
"Enem
será o modelo do novo currículo", afirma Mercadante.
A mudança prevê que alunos de escolas
públicas e privadas passem a ter, em vez de aulas específicas de biologia, física
e química, atividades que integrem estes conteúdos (em ciências da natureza).
A proposta deve ser fechada ainda neste ano e
encaminhada para discussão no Conselho Nacional de Educação, conforme
a Folha informou quarta-feira (15). Se aprovada, vai se tornar
diretriz para todo o país.
Para o ministro da Educação, Aloizio
Mercadante, os alunos passarão a receber os conteúdos de forma mais integrada,
o que facilita a compreensão do que é ensinado.
"O aluno não vai ter mais a dispersão de
disciplinas", afirmou Mercadante ontem, em entrevista à Folha.
Outra vantagem, diz, é que os professores
poderão se fixar em uma escola.
Um docente de física, em vez de ensinar a
disciplina em três colégios, por exemplo, fará parte do grupo de ciências da
natureza em uma única escola.
Ainda não está definida, porém, como será a
distribuição dos docentes nas áreas.
A mudança curricular é uma resposta da pasta
à baixa qualidade do ensino médio, especialmente o da rede pública, que
concentra 88% das matrículas do país.
Dados do ministério mostram que, em geral,
alunos das públicas estão mais de três anos defasados em relação aos das
particulares.
Educadores ouvidos pela reportagem afirmaram
que a proposta do governo é interessante, mas a implementação é difícil, uma
vez que os professores foram formados nas disciplinas específicas.
O secretário da Educação Básica do
ministério, Cesar Callegari, diz que os dados do ensino médio forçam a
aceleração nas mudanças, mas afirma que o processo será negociado com os
Estados, responsáveis pelas escolas.
Já a formação docente, afirma, será
articulada com universidades e Capes (órgão da União responsável pela área).
Uma mudança mais imediata deverá ocorrer no
material didático. Na compra que deve começar neste ano, a pasta procurará
também livros que trabalhem as quatro áreas do conhecimento.
Organização semelhante foi sugerida em 2009,
quando o governo anunciou que mandaria verbas a escolas que alterassem seus
currículos. O projeto, porém, era de caráter experimental.
Folha de São Paulo
Fotos e imagens: google imagens