Bangcoc, 19 jul (EFE) -
Um grupo de cientistas de Cingapura criou um vaso sanitário ecológico que
transforma a urina e as fezes em adubo e combustível através de um sistema que
ainda economiza até 90% de água.
Os pesquisadores da Universidade Tecnológica
de Nanyang anunciaram que o protótipo do No-Mix Vacuum começará a ser utilizado
em 2013 nos banheiros da instituição acadêmica de Cingapura, um dos países mais
desenvolvidos da Ásia.
"A Universidade está produzindo seu
próprio vaso sanitário para o ano que vem. Várias companhias, incluindo
imobiliárias e até um parque temático já mostraram interesse no sistema de
evacuação desde que foi anunciado (no final de junho)", contou à Agência
Efe Lester Kok, do Departamento de Comunicação do centro.
O vaso ecológico é equipado com dois
recipientes que recolhem separadamente os dejetos líquidos e sólidos, além de
um sistema de sucção similar ao utilizado em aviões.
A urina é transportada a uma câmara onde se decompõe em nitrogênio, fósforo e potássio, utilizados como adubo, enquanto os excrementos chegam a um biorreator que os processa e transforma em biocombustível de metano.
O gás metano é inodoro e pode ser utilizado
para substituir o gás natural no fogão e ainda pode ser empregado como gerador
de eletricidade.
"O sistema No-Mix Vacuum não exige que o
vaso sanitário esteja conectado aos encanamentos da rede de hidráulica e ao
esgoto", explicou Kok.
O vaso sanitário usa apenas 200 ml de água
para evacuar a urina e um litro para os dejetos, o que representa 90% de economia
em relação ao sistema convencional, que utiliza de quatro a seis litros a cada
vez.
Com uma média de cem usos por dia, o banheiro
idealizado pelos pesquisadores de Cingapura utiliza 160 mil litros a menos em
um ano, suficiente para encher uma piscina de 160 metros cúbicos.
Vaso sanitário ecológico que transforma
a urina e as fezes em fertilizante e combustível.
O professor Wang Jing-Yuan, diretor do
projeto, afirma que o sistema que leva o material, que também transforma as
sobras de comida e outros resíduos orgânicos em fertilizante e energia,
representa um método de reciclagem mais eficiente e barato, já que realiza esse
processo de forma automática.
"Separando os dejetos humanos domésticos
e processando-os in situ, economizaremos a verba dos processos tradicionais de
reciclagem, já que o sistema inovador utiliza um método mais simples e barato
para produzir fertilizantes e combustível", defende Wang, doutor em
tecnologia ambiental pela Universidade da Carolina do Norte (Estados Unidos).
A universidade singapuriana negocia agora com
as autoridades da cidade-Estado a instalação de protótipos nas casas de uma
área residencial que se planeja construir e acredita que cidadãos de outros
países possam adotar os banheiros ecológicos nos próximos três anos.
Segundo os pesquisadores, o sistema também
foi pensado para hotéis e construções afastadas que não contam com rede
hidráulica e saneamento e precisam de certa autonomia.
O dispositivo No-Mix Vacuum faz parte de um
programa iniciado há dois anos com um financiamento de dez milhões de dólares
singapurianos, (cerca de US$ 7,8 milhões), concedido pela Fundação Nacional de
Pesquisa de Cingapura.
A Universidade Tecnológica de Nanyang
apresentou o projeto na feira de ciência e tecnologia WasteMet Asia 2012 em 4
de julho em Cingapura e assinou um acordo de colaboração com o Centro de
Engenharia da Terra da Universidade de Colúmbia (Estados Unidos).
Por EFE